Resoluções para o novo ano

Finalmente chegou a "pausa" de fim de ano... e que ano!!! No mínimo, inusitado! Quando sai da empresa na terça, a primeira coisa que pensei foi: "ok, hora de arrumar todas as trocentas e vinte cinco pendências e começar 2009 redondo".
Então, primeiro dia do recesso, 24 de dezembro, véspera de Natal. Fui almoçar com um amigo e acabei demorando mais do pensava; voltei pra casa "atrasada" para o jantar de Natal. Família reunida, com direito a tios que moram bem longe presentes. Sim, meus familiares, mas ainda assim lá estava a minha companheira desses momentos, a estranha sensação de que eu não me encaixo, de que não pertenço àquele lugar. Rimos bastante, compartilhamos os presentes e ao fim de tudo, cada um indo para o "seu quadrado".
No dia seguinte, almoço de natal... pude rever meus priminhos (primeira vez que os vejo esse ano) e fiquei assustada em como estavam grandes; Pedro e Verônica, com os seus três aninhos... passei o almoço todo brincando com a Verônica e fiquei triste quando tive que me despedir... acho que estava me divertindo mais do que ela. Ainda assim, ao entrar no carro, lá estava a Sra. "Não sou daqui" ao volante.
Mas o que exatamente significa não se encaixar, não pertencer a um determinado lugar? Na verdade, acho que não é bem essa a questão. A questão é que "lugar" é esse que depende de uma data para acontecer? Por que passei um ano todo sem ver meus priminhos? Por que esperar 365 dias para visitar um parente que mora a 5 minutos?
Enfim, não achei a resposta, mas tenho uma pista... e é sobre ela que tenho pensado. PRIORIDADES. Quais foram as minhas prioridades em 2008 e quais serão para 2009 deve ser a primeira coisa que devo pensar ao considerar começar o ano "redondo". Muito mais que isso, não só pensar agora, que estou com um ano novinho em folha chegando e uma ótima oportunidade de reinício, mas revisitar esses questionamentos. E não manter esse olhar apenas focado em minha família; no geral, quais tem sido minhas prioridades? Quais serão minhas prioridades?
Hoje, ao ler o jornal, li um artigo interessante sobre o novo Grande Oriente Médio, ao lado da matéria sobre o exército paquistanês se deslocando para a fronteira com a Índia e, mais abaixo, a foto de um palestino vestido de papai noel jogando pedras na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza (que teve sua passagem reaberta pelo governo israelense). No mesmo caderno vi a matéria do "homem vestido de papai noel" que matou pelo menos 9 pessoas nos EUA, além de várias outras notas sobre Guiné, Peru, Ucrânia e etc.
Ok, agora eu viajei mesmo... o que isso tem a ver com começar 2009 "redondo", com minhas PRIORIDADES, com um lugar ao qual pertencer??? Lamento, mas a confusão vai piorar um pouco.
Acabei de chegar do cinema; fui ver Marley & Eu... oh, que bonitinho! lógico que chorei.. lembrei de quando perdi meu cachorrinho Peter e de como isso doeu. Enfim, a sala estava cheia! Pais, crianças (pequenas e grandes), idosos, casais... e todos riram muito com as peripécias do "pior cão do mundo" e choraram muito (sim, dava pra ouvir alguns soluços) também. Eu já havia lido o livro e na saída, a mesma sensação de quando acabei de ler o livro voltou. A sensação de que hoje nos sensibilizamos muito mais com a história de um cãozinho (veja bem, eu amo cães! tenho duas!!) do que com a idéia de que crianças estão passando fome aqui, em nosso "quintal".
Agora que instaurei a confusão, vou tentar organizar... Família, prioridades, mundo de pernas para o ar, valores distorcidos... eita! Onde minhas resoluções de ano novo, minha organização de prioridades entra nisso tudo??? Sim, esse é o ponto! o ponto é que ao organizar minhas prioridades, esqueço que há um todo em minha volta e que faço parte dele; esqueço que querendo ou não, de alguma forma, esse "todo" deve ser visto como parte de minhas prioridades. Estamos vivendo tempos em que a individualidade é pregada e ditada e "doa a quem doer", mas o que importa é ser feliz.
Ai entra a questão que fecha a postagem de hoje... até quando continuaremos encarcerados em nossos quadrados esquecendo que fomos feitos seres "comunitários" e que, como dito no filme About a boy, "nenhum homem é uma ilha... somos arquipélagos".